quinta-feira, 10 de abril de 2025

Filme 100 metros em 23-04-25 (UEG Unidade ESEFFEGO - Goiânia) às 19h00 / 1° Bloco sala 02




(Escrito por Renato Coelho)

O filme retrata uma história verídica, vivenciada pelo personagem espanhol Ramón Arroyo, um publicitário e pai de família, que tem a vida virada de cabeça para baixo, quando recebe o diagnóstico de esclerose múltipla. A doença degenerativa e autoimune vai tornando a vida de Ramón cada dia mais difícil e sem muitas expectativas. Os movimentos do corpo vão se tornando mais rígidos e descoordenados na medida em que a doença avança. Porém, a grande vontade de viver e a esperança de sempre lutar contra a esclerose, alimenta nele o desejo de se tornar um desportista de Ironman. Ramón decide então enfrentar todas as adversidades e barreiras da sua doença, e ainda superar todas as limitações do seu corpo, através do sonho de ser Ironman.

Os árduos treinamentos junto com o sogro (Manolo), e os exercícios físicos contínuos, em natação, atletismo e ciclismo ajudam o protagonista do filme a desacelerar o avanço da doença e ainda adquirir uma melhora substancial na  sua qualidade de vida. Tudo começa numa tentativa de Ramón em querer completar uma difícil caminhada de 100 metros pela calçada da rua onde morava. E sempre ao seu lado, o seu temperamental, ranzinza e rabugento sogro Manolo. 

Ao final dos longos períodos de treinos e através da sua fascinante resiliência, ele então alcança o almejado sonho, participando de várias competições de Ironman, perfazendo percursos de 3,8 Km de natação, 180 Km de ciclismo e 42 km de corrida em cada prova, competindo em inúmeros campeonatos nacionais e internacionais de Ironman.

Direção: Marcel Barrena

Gêneros: Drama/História Real/Esportes

Ano:  2016

 

 





sexta-feira, 14 de março de 2025

TELA DIALÉTICA APRESENTA: SE ACABÓ (documentário)




(Escrito pelos monitores de extensão: Ananda Giulia Lemos de Oliveira, Luiz Filipe Oliveira Cesar e Silva e Stephanny Adriane Santos Souza - UEG UnU ESEFFEGO)


O documentário "Se Acabó: Diário das Campeãs", que está disponível na Netflix, nos retrata um pouco da trajetória da seleção feminina de futebol da Espanha, que conquistou a Copa do Mundo Feminina da FIFA em 2023. Além de celebrar uma vitória histórica, o documentário também revela os desafios enfrentados pelas jogadoras dentro e fora dos campos, mostrando que a vitória veio com muita luta.

O documentário vai além de ser apenas um registro da conquista da Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2023 pela seleção espanhola. Ele mergulha profundamente na complexidade da jornada dessas atletas, mostrando não apenas os momentos de glória, mas também as batalhas pessoais e coletivas que enfrentaram para chegar ao topo do futebol mundial. Um dos aspectos mais marcantes do documentário é a forma como ele aborda as questões de gênero e mulher no esporte. As jogadoras, apesar de seu talento e dedicação, tiveram que lidar com uma cultura esportiva que, por muito tempo, marginalizou e marginaliza, o futebol feminino. O documentário expõe as dificuldades que enfrentaram, desde a falta de investimento e reconhecimento até as barreiras sociais e culturais que ainda persistem no mundo do esporte.

Além disso, traz à tona as denúncias feitas por várias jogadoras contra figuras importantes da Federação Espanhola de Futebol, revelando um ambiente tóxico que muitas vezes colocava em xeque a integridade e o bem-estar das atletas. Esses relatos são apresentados de forma sensível, mas sem perder a força, mostrando a coragem das jogadoras em denunciar práticas abusivas e lutar por mudanças estruturais.

Apesar dos desafios, as jogadoras encontraram força umas nas outras para superar adversidades e se manterem focadas em seu objetivo maior: vencer a Copa do Mundo. Cenas emocionantes mostram os treinos intensos, os momentos de descontração e a solidariedade entre as atletas, que se tornaram uma verdadeira família dentro e fora dos campos.

 




sábado, 2 de novembro de 2024

SUPER SIZE ME - A Dieta do Palhaço (Auditório UEG ESEFFEGO - GOIÂNIA) em 27/11/24 e 29/11/24

 





(Escrito por: Renato Coelho)

O documentário SUPER SIZE ME, produzido em 2004 pelo diretor Morgan Spurlock, é uma crítica voraz à rede de fast food norte americana McDonald’s. Para tentar provar que os alimentos processados e vendidos nas lanchonetes McDonald’s são prejudiciais à saúde humana, Spurlock se torna cobaia de um experimento criado por ele próprio, em que é obrigado a se alimentar por 30 dias somente nas redes de lanchonetes McDonald’s, e ainda com três refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar. Durante o experimento, e com muito bom humor, ele mostra todo o funcionamento dos fast foods e a cultura que envolve a indústria de alimentos do McDonald’s nos EUA, analisando desde as políticas de propaganda e marketing, indo até as questões nutricionais que envolvem os alimentos que são produzidos e comercializados nos fast foods. Durante o documentário ele faz vários exames médicos e consulta vários especialistas na área da saúde, a fim de avaliar semanalmente as drásticas e brutais mudanças experimentadas pelo seu próprio corpo, ao ser submetido a esta dieta cruel, baseada somente em refeições do McDonald’s.

Os chamados fast foods surgiram nos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, e dentro do contexto do taylorismo-fordismo, transformaram as refeições diárias humanas (lanches, almoço e jantar) em uma produção serial, sob a lógica da automação e da produção em massa. A racionalização capitalista fez surgir o fast food, como forma de diminuir o “tempo morto” da produção, ou seja, a redução do trabalho improdutivo do operário, que é aquele trabalho que não produz a mais valia (o horário das refeições), a fim de eliminar ou diminuir o tempo de pausa do trabalhador e torná-lo mais produtivo. O trabalhador se alimentando de forma rápida, pode retornar mais cedo ao trabalho, aumentando assim a extração de mais-valia relativa pelo seu patrão.  A transformação das lanchonetes em fast foods, representa o surgimento da máquina de alimentação fordista na produção das refeições diárias humanas, fazendo reduzir os gastos e aumentando a produção do capital, através do consumo de alimentos processados sob a lógica da automação capitalista.

O documentário mostra a correlação entre a cultura dos fast foods e a epidemia de obesidade nos EUA. A dieta de Spurlock demonstra, com base em dados científicos (exames médicos), que a alimentação baseada somente em comida processada de fast foods não é saudável, e que é capaz de produzir, além da obesidade em pessoas sedentárias, danos no funcionamento de órgãos importantes do organismo, como coração, cérebro, rins e fígado, além de comprometer o desempenho sexual.

Neste documentário, Spurlock mostra que o termo saúde deve ser encarado como uma categoria multifatorial, pois depende de várias questões, e dentre elas, de uma boa alimentação. O documentário mostra a luta e as dificuldades dos americanos obesos, em se livrarem dos cardápios contendo alimentos de fast foods e mudarem para uma dieta mais saudável. As entrevistas contidas no documentário revelam uma evidente culpabilização dos obesos e uma estigmatização social dessas pessoas nos EUA (no Brasil, não é diferente!). Na verdade, essas pessoas são vítimas, desde a infância, da cultura dos fast foods, com seu marketing agressivo e propagandas enganosas. O documentário também mostra as estratégias do McDonald’s em seduzir e fidelizar os clientes desde a mais tenra infância, para fazer destes no futuro, consumidores fiéis também na vida adulta.

Percebe-se no documentário, que os norte americanos não possuem um sistema público de assistência à saúde para atender os trabalhadores em geral (assim como no Brasil!), e isso faz com que estes trabalhadores se tornem sempre vulneráveis e desinformados, frente ao bombardeio de propagandas e "fake-news" da indústria alimentícia americana. Na fala de um dos entrevistados, professor de educação física de uma importante escola americana, há o relato de que, fica à cargo somente da disciplina Educação Física nas escolas, o “papel” de promover saúde para a grande parte da população (jovens estudantes), mostrando erroneamente a Educação Física como “remédio” para os complexos problemas e mazelas relacionados à epidemia de obesidade nos EUA, e negligenciando outros elementos tão importantes quanto a própria Educação Física. Denotando assim, uma visão totalmente distorcida, ingênua e ineficaz sobre os verdadeiros objetivos da Educação Física, corroborando com o falso paradigma que trata o exercício físico como saúde. 

A grande desinformação, somado à naturalização do pensamento de senso comum, se tornaram hegemônicos sobre conceitos e temas que abrangem saúde, alimentação, exercícios físicos e qualidade de vida, permeando o imaginário da população estadunidense, promovendo ainda mais alienação entre a população, e abrindo o caminho para as investidas insaciáveis da indústria alimentícia. E é por isso, que os fast foods se tornaram um sucesso, não somente nos EUA, mas em todo o planeta, pois não sabemos nada sobre aquilo que comemos, mas apenas comemos.

O documentário representa um verdadeiro ativismo social, promovido pelo seu diretor,  Morgan Spurlock, que foi capaz de criar uma mobilização mundial através do sucesso alcançado pelo seu documentário, (que inclusive foi indicado ao Oscar) contra a cultura alimentar dos fast foods, cujo símbolo maior é representado pela rede de lanchonetes McDonald’s.


sábado, 19 de outubro de 2024

Filme: "O Salário do Medo" (auditório UEG ESEFFEGO - Goiânia)


 

(Escrito por: Renato Coelho)

Filme de ação e suspense dirigido por Julien Leclrerq em 2024, é uma adaptação do filme de Henri-Georges Clouzot de 1953, baseado no livro de romance homônimo de Georges Arnaud. A obra é uma metáfora da condição de proletariedade do trabalhador da modernidade do capital. Em uma cidade pobre (Tonwship), situada no meio do deserto de um país Árabe, (no filme original e no livro, a cidade está localizada na Guatemala, que fica na América Central), uma empresa multinacional estadunidense de petróleo explora os trabalhadores de forma brutal. A espoliação da força de trabalho, a despreocupação com a proteção ambiental e com segurança dos moradores do vilarejo é literalmente exposta,  quando em uma das refinarias ocorre um mega incêndio, colocando em risco não somente os trabalhadores da refinaria de petróleo, mas também a vida de todos os moradores. A iminência de uma catástrofe gera o pânico e o desespero de toda a população, pois em questão de horas, tudo irá explodir devido ao incêndio em um dos poços principais de extração de petróleo. A empresa petrolífera encontra uma única solução para evitar a tragédia no pobre vilarejo: explodir todo o poço da refinaria que está em chamas com duzentos quilos de nitroglicerina, para assim, extinguir por completo o incêndio e evitar que ele se espalhe. Vários moradores da vila são contratados para essa perigosa e impossível missão: transportar em caminhões a perigosa e explosiva carga de nitroglicerina. Os riscos, medos e desafios acontecem justamente na estrada em que estes trabalhadores são obrigados a viajar para transportar a letal e explosiva carga. E o objetivo é levar essa carga até o poço em chamas, e em seguida lançá-la sobre o fogo para tentar debelar o incêndio sem controle.
O filme retrata a situação do trabalhador moderno, onde a condição de proletariedade e a precarização extrema, produzem o medo e a incerteza sobre a vida e sobre o futuro. No filme "O salário do medo", a precarização do trabalho espelha também a precarização da vida, a miséria social, a degradação do caráter e a perspectiva iminente da morte, frente a uma vida sem sentido e sem significado a que são submetidos os trabalhadores.
O imperialismo moderno é retratado no filme, através da empresa americana de petróleo, que expõe de forma cruel, o capitalismo globalizado e as suas desumanas relações de poder. O petróleo ("ouro negro") é extraído da natureza, para abastecer e manter em funcionamento a produção insaciável do capital. Além de produzir a energia vital para o sistema de produção de mercadorias, a petrolífera expõe as contradições imanentes da modernidade atual do capital. A miséria dos moradores do vilarejo contrasta com a opulência e riqueza dos gestores e donos da empresa de petróleo. O filme revela ainda, a destruição rapace da natureza e a poluição do planeta através da contínua extração e uso de combustíveis fósseis. A extração de petróleo coloca em risco toda a pobre população da vila, pois as jazidas de petróleo estão localizadas justamente no subsolo onde estão construídas as casas dos trabalhadores. O incêndio catastrófico ameaça colocar pelos ares,  todos os seus moradores. A situação exige uma solução incerta e não menos arriscada, ou seja, lançar toda a nitroglicerina transportada,  no poço de petróleo que arde continuamente em chamas. E para essa missão arriscada e impossível são convocados imigrantes e trabalhadores locais, cujas vidas não possuem nenhum valor para a grande empresa multinacional do petróleo. 
O medo dos personagens do filme em dirigir caminhões carregados de nitroglicerina por estradas perigosas, esburacadas e traiçoeiras, representa o medo estrutural de todos os trabalhadores inseridos no mundo do trabalho capitalista, onde impera o desemprego, a alta periculosidade, a precarização, os baixos salários, o adoecimento continuo e a fetichização das relações sociais.
A sociedade capitalista é a sociedade do risco e do medo, não somente o risco do trabalho em si, mas também o risco instalado no próprio cotidiano, o risco do não acesso ao sistema de saúde pelo trabalhador, o risco dos agrotóxicos nos alimentos, o risco da proliferação de vírus e bactérias potencializados pela poluição do planeta, o risco da violência dos centros urbanos, o risco dos eventos climáticos extremos, que são consequências da degradação ambiental, dos desmatamentos e das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. A modernidade do capital, revelada através do filme, mostra que a atividade laboral realizada pelo sujeito que trabalha, passa a ser atividade de alto risco, e o pagamento pelo seu trabalho, ou seja, o seu salário, passa a ser o medo existencial.