segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Mostra Copa do Mundo 2022



 

Análise do Filme: O Filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias


 Olavo Braga Evaristo[1]

 

O Filme "O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias" é um longa-metragem produzido em 2006 e dirigido por Cao Hamburger. O nome do filme faz uma metáfora aos acontecimentos na vida de uma família, onde os pais são perseguidos, torturados e presos durante a ditadura militar no Brasil,  durante a década de 1970.

O longa, contado pelo menino Mauro, retrata a sua história de vida junto à sua familia, cujos pais militavam contra a ditadura militar no Brasil. Ele foi deixado pelos seus pais com seu avô, com alegação de que iriam sair “de férias”, por conta das perseguições às suas posições políticas. Para o pequeno Mauro, o “sair de férias” de seus pais era apenas uma breve viagem, mas na verdade, estavam fugindo da violência,  da barbárie e das atrocidades do regime militar brasileiro. No entanto, no dia de sua chegada na nova casa, seu avô morre e Mauro fica sob a responsabilidade e os cuidados de um vizinho e amigo de seu avô, um judeu chamado Scholomo.

Enquanto o garoto tenta se ambientar nesse novo bairro diferente e sem a presença dos pais, o filme retrata as ambiguidades que estavam presentes naquele contexto, de um lado um sutil e disfarçado clima de tensão e violência estatal, imposto pelo governo militar da ditadura e do outro lado, a euforia e a êxtase da Copa do Mundo. Contraditoriamente, o contexto da copa do mundo de futebol no México (1970), composto pela expectativa e da alegria que o espetáculo representava para a população brasileira, se torna um instrumento de manipulação e alienação utilizado pelo governo militar para esconder as mazelas, as injustiças sociais e também a violência extrema do regime autoritário instalado no Brasil a partir do ano de 1964.

Ao longo da história e com o passar dos jogos da copa, o menino começa a sentir a falta dos pais, já que os mesmos, haviam prometido que voltariam para assistirem juntos, a final da Copa do Mundo. Neste meio tempo, Mario faz amizades com os garotos da comunidade. As novas vivências, promovem o florescer da sua sexualidade, ao ver pela abertura no provador de mulheres da  loja, uma moradora do bairro se trocando. Presencia também, o preconceito que alguns carregavam contra os imigrantes judeus, que também moravam no seu bairro.

Chegando próximo ao jogo da final da Copa do Mundo de 1970, o jogo entre Brasil e Itália, seleção formada por Pelé, Rivelino e companhia, o protagonista começa a notar as prisões injustas de estudantes e trabalhadores feitas nas ruas  de forma brutal e ilegal, até que percebe a realidade, ao presenciar um ataque a uma universidade próxima do bairro, onde vários estudantes são presos à força. Voltando para sua casa, ajuda um velho amigo de seu pai,  que morava no mesmo prédio. Neste momento a verdade sobre as férias vem à tona, quando aquele refugiado, amigo do seu pai, comenta que precisa também tirar "umas férias”, caso contrário, não iria sobreviver por muito tempo.

Chegada a final da Copa, o Brasil é tricampeão, todos comemoram e o Brasil inteiro entra em êxtase e euforia. O judeu Scholomo junto ao rabino consegue ajudar a mãe de Mauro e a liberta da prisão, então ela retorna para buscar o seu filho. Seu pai, entretanto, não retorna com ela, talvez tenha sido assassinado pela ditadura. 

Ao final do filme, ele conta que fora exilado, sem, porém, entender o real significado da palavra.

 

 



[1] Acadêmico de licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Goiânia - ESEFFEGO. Bolsista, financiado pela UEG, no Projeto de Extensão Tela Dialética, no curso de Educação Física ESEFFEGO.