Geraldinos e o Fim da Alegria no Futebol


(Escrito por Renato Coelho)

Geraldinos é um longa metragem na forma de documentário produzido em 2015 e dirigido por Pedro Asbeg e Renato Teixeira. O nome do filme é uma expressão criada pelo radialista carioca Washington Rodrigues e se refere ao público de torcedores do espaço da antiga geral do estádio Maracanã. O filme relata o fim da geral no Maracanã com a reforma do estádio para a Copa Fifa 2014 no Brasil. A geral era o espaço daqueles torcedores mais pobres que pagavam preços populares para entrar no Maracanã e assim poderem assistir ao seu time do coração jogar no estádio mais simbólico, imponente e importante do futebol mundial, mas que perdeu parte da sua história e do seu encanto com o fim da geral, e que hoje, infelizmente já não mais existe.

Com as reformas de adaptação do Maracanã aos padrões exigidos pela FIFA para a Copa do Mundo 2014, a arquitetura original do Estádio foi totalmente modificada para adequação ao megaevento do futebol mundial, e além de diminuir a capacidade de público do estádio, promoveu também a elitização dos torcedores com a extinção da geral do Maracanã, espaço que pertencia aos torcedores cariocas de mais baixa renda. O fim da geral se relaciona com o processo de gentrificação em que foram submetidas todas as cidades sede dos jogos da copa do mundo, incluindo a capital fluminense. A extinção dos chamados geraldinos representou a exclusão de torcedores pobres do Maracanã e o fim de uma rica e singular cultura e tradição que era diretamente relacionada ao futebol brasileiro.

Com o advento da pandemia do novo coronavirus, a partir de março de 2020, foi proibida a realização de jogos de futebol nos estádios de todo o país em virtude das regras de distanciamento e de isolamento social adotados por estados e municípios brasileiros. Entretanto, mesmo com aceleração na propagação do novo coronavirus, com aumento de infectados e de óbitos em praticamente todo Brasil, ainda em agosto se deram o reinício dos jogos de futebol nos campeonatos estaduais e também no campeonato brasileiro. Vários times como Goiás, Flamengo, Atlético Goianiense e vários outros experimentaram surtos de covid-19 entre seus jogadores e comissão técnica. Em meio a este contexto, os estádios continuam sem público, mas continua grande a pressão sobre os prefeitos das cidades para a reabertura dos estádios aos torcedores, mesmo com alta elevada de contágios.

Os estádios continuam vazios e o Maracanã também. Mas agora não apenas a geral (que já não existe), mas as cadeiras todas, totalmente sem público e as  torcidas organizadas ausentes. Acertadamente e por medidas sanitárias de segurança os estádios estão e ainda continuam com os portões fechados e cadeiras vazias. Ironicamente, o vírus Sars-Cov-2 faz todos sentirem a dor e a tristeza que os geraldinos sentiram antes da copa do mundo de 2014 com o fim da geral do Maracanã. O Maracanã sem a geral é o mesmo que o Brasil sem o carnaval.

 

4 comentários:

  1. Documentário bastante interessante, trás a visão dos próprios torcedores que frequentavam a Geral do Maracanã e não a visão comercial dos empresários que fizeram e defendem a reforma onde retiraram a Geral do estádio. Apresenta e instiga pensamento sobre os estádios em geral e sobre a burocracia e procedimentos ilegais que acontecem na politica em resposta aos empresários e ricos.

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  2. É triste saber que até um patrimônio histórico e cultural foi vencido por interesses apenas mercadológicos. O documentário retrata um cenário bem comum no nosso cotidiano onde, as classes menos favorecidas são expulsas de lugares onde as mesmas têm direito a estarem e que a política e força de quem tem mais dinheiro sempre vence mesmo que por formas duvidosas.

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  3. As buscas por denominações das classes continuam acontecendo desde sempre, não importam que as pessoas têm direitos adquiridos na constituição ,só se iguala somemte na hora de pagarnós nossos impostos,mais no lazer, na diversão, na hora,de representar seu time em um estádio histórico, não poderá mais ir,porque!!?Por culpa de uma "arquitetura",jeito educado de extinguir a geral,fazer o quê!! As coisas são tiradas é ficam por isso mesmo,acabam no esquecimento, é ficam igual a nós alunos,jogados a mercer de um sistema capitalista, pois foi tirado de nós o nosso espaço de estudar, Esseffego,assuntos diferentes,mais o contexto é o mesmo, não resolve nunca,então enquanto aceitarmos as coisas calados a história sempre irá repetir,vamos a luta,eu me disponho a lutar pelo nosso espaço,vamos também! ASS.Franquilene da.Silva Santos 5° P.

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