DISCENTE: Gabriel Gonçalves Coelho
Na obra fílmica Boleiros - Era Uma Vez O Futebol, dirigido por Ugo Giorgetti,
lançado no ano de 1998, é retratada a cena de uma roda de amigos no bar típico de
São Paulo, onde estrelam artistas (e seus respectivos papéis) como Adriano Stuart
(Otávio), Flávio Migliaccio (Naldinho), Otávio Augusto (Virgílio), Cassio Gabus Mendes
(Zé Américo), Rogério Cardoso (juiz), e assim a trama se desenvolve, criando várias
nuances que serão descritas mais à frente.
No bar, o qual os personagens estão reunidos, possui uma parede decorada
com diversos quadros com diferentes fotos de vários personagens, que são todos
boleiros, profissionais e ex-profissionais do futebol. A partir do contato dos integrantes
da mesa com as fotos estampadas na parede, se inicia um bate-papo acerca de
lembranças dos tempos de futebol dos personagens envolvidos.
A obra fílmica se dá por meio de gravações do momento da conversa entre os
personagens e também de recordações dos mesmos, que são apresentados ao
público.
As memórias dos personagens na mesa vão desde como o futebol era
influenciado pelo poder financeiro de determinados indivíduos que compravam a
parcialidade do juiz em determinados jogos o que demonstra que o futebol já
apresentava corrupções naquela época. Ademais, já em outra recordação, outro
personagem se recorda de momentos em que os jogadores se preparavam para um
dia de jogo importante em um hotel e, pelo jogador que conta a história ser novo no
time e também ser negro, um dos jogadores veteranos se aproveita do seu "poder"
para que o novato deixasse o seu quarto enquanto o jogador veterano se aproveitava
de uma mulher que ele conheceu no café da manhã do hotel, o que ilustra a presença
do machismo e do preconceito racial presentes no futebol desde aqueles tempos até
os dias atuais.
Outra narrativa discutida no filme é a de que em determinados locais, como
áreas de predominância de gangues ou quadrilhas, o futebol possui algumas
dificuldades, principalmente em relação ao treinamento de crianças para o
aperfeiçoamento e profissionalização nesse esporte. Uma vez que esses grupos
conseguem recrutar crianças com nível social de vulnerabilidade para efetuar
trabalhos dentro da organização de menor importância, portanto, ações adjacentes
como o estudo e a prática de esportes de lazer podem interferir nos interesses da
organização, o que prejudica o desenvolvimento do menor envolvido.
Chegado o término da obra, há uma reflexão imposta pelos personagens sobre
o que eles representaram durante suas carreiras nos tempos passados e como eles
eram vistos pelas pessoas depois da fama ou da prática do futebol como uma
atividade profissional. Logo após isso, os personagens chegam à conclusão de que
tudo o que foi vivido será sempre lembrado pelas memórias não apenas deles, mas
de todos aqueles que minimamente acompanharam o seu trabalho.
Gabriel Gonçalves Coelho