A
origem do futebol no Brasil ocorre em um contexto de uma sociedade de classes e
racista. Para se compreender o surgimento do futebol no Brasil, faz-se necessário
também analisar a sociedade brasileira do final do século XIX e início do
século XX. O esporte futebol surge no Brasil como um fenômeno social importante
e que passa a fazer parte da chamada cultura nacional. O Brasil foi o último
pais do mundo a decretar a abolição da escravatura. O futebol chega no Brasil praticamente
junto com a abolição, dentro de um contexto marcado pelo grande dualismo social,
pela miséria e por uma forte cultura racista impregnada em toda a sociedade da
época. As regras do esporte futebol, inventado pelos ingleses, é trazida para o
Brasil através dos marinheiros ingleses nas cidades portuárias das regiões Sul,
Norte, Sudeste e Nordeste do país, e também pelos trabalhadores ingleses das
famosas estradas de trens de ferro construídas no final do século XIX e início
do século XX. O futebol passa a ser praticado pela elite branca brasileira,
dentro das chamadas práticas amadoras, onde somente aqueles que possuíam “tempo
livre”, tinham acesso ao esporte recém-chegado ao Brasil. Os pobres e negros
são excluídos dos jogos de futebol, e criam-se regras e leis proibindo o acesso
de negros aos campos elitizados de futebol. O documentário “O Negro no Futebol
Brasileiro” (2018), dirigido por Gustavo Acioli, vem discutir e analisar este
momento importante do futebol no Brasil, as suas origens marcadas pelo racismo
e pelo elitismo. O documentário mostra que o futebol como fenômeno social é
capaz de explicar o Brasil e vice-versa, ou seja, o futebol brasileiro também
reflete dentro dos gramados, a cultura, os valores, os preconceitos e o racismo
da sociedade brasileira. E mais de cem anos após a introdução do futebol no
Brasil, o racismo ainda continua a existir dentro e fora dos gramados
nacionais.