(Escrito por: Renato Coelho)
O filme "A Mula" (2018) dirigido por Clint Eastwood conta a história de um idoso de 90 anos, que assiste de forma irresoluta, a súbita falência de sua pequena empresa de plantas ornamentais (lírios), devido principalmente à concorrência desleal com a Internet. Ele acaba ficando sem emprego, sem dinheiron e sem a sua família, na qual ele nunca dera valor algum.
O personagem Earl, recebe uma proposta de trabalho como motorista. Porém, da noite para o dia, se vê cooptado pelo cartel do narcotráfico (Sinaloa), para transporte terrestre de drogas entre o Texas e Chicago.
O filme também mostra os conflitos entre o mundo do trabalho e os relacionamentos familiares. O personagem Ealr, ex-combatente de guerra, floricultor falido e atualmente motorista do cartel de Sinaloa, sempre deixou a família em segundo plano, colocando sempre o trabalho em primeiro lugar. A idolatria pelo trabalho provoca o colapso da família de Earl, o divórcio com a esposa, a inimizade com a filha e os atritos com a neta.
O inesperado câncer da ex-esposa e a sua morte rápida, faz Earl enxergar a si mesmo e as suas escolhas erradas feitas durante a vida. Earl descobre o valor e a importância da família somente aos 90 anos, após a morte da esposa e a sua prisão por tráfico de drogas. Aos 90 anos descobre que a família é o bem mais importante da vida, e em suas falas, diz que o trabalho não pode vir em primeiro lugar. Ao contrário de tudo o que sempre fez, relata que a família deve estar em primeiro lugar e não o trabalho, revelando a todos que o mais importante na história de um homem, não consiste em suas atividades laborais, mas sim, os seus relacionamentos familiares. O personagem também faz no filme reflexões sobre o tempo, sua brevidade e a impossibilidade de comprar com dinheiro o tempo que fora perdido distante da família.